Data de publicação: 09/05/2018

Um programa de formação profissional no Sudão do Sul

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Projetos de desenvolvimento no seio de um contexto político e humanitário difícil

Independente desde 2011, o Sudão do Sul continua a enfrentar uma grave crise política iniciada em 2013 tendo atingido fortemente sua economia e sua população, hoje carente de todo capital humano (os conflitos destruíram as famílias) e intelectual (a taxa de analfabetismo é crescente). Neste contexto de instabilidades politicas e econômias, a ajuda ao desenvolvimento é muito pouco presente e a prioridade dos doadores de fundos é a ajuda de urgência.

Apesar desta crise humanitária de envergadura, a SSVP resiste. Contrariamente às ONGs de urgência, ela tenta levar uma resposta na perenidade. Ela se esforça para fazer com que vivam as suas iniciativas de desenvolvimento que favorecem a resiliência e a reconstrução das populações no longo prazo: escolas maternais, centros para órfãos, centro de nutrição e centro de saúde, centro de formação profissional…

O CFPDC* : uma contribuição para a paz e para a reconstrução do país

Em 2009,  a Sociedade de São Vicente de Paulo em parceria com a ASASE inaugurou um Centro de Formação Profissional de qualidade visando favorecer a inserção profissional. Situada na comunidade de Lologo, em Juba, a capital do Sudão do Sul, o programa implementado pela SSVP oferece formações pensadas para responder as necessidades do mercado do Sudão do Sul. Ele forma profissionais nos ofícios de base nos setores da construção, da mecânica e da agricultura (entre outros). O objetivo principal é que estes jovens saiam diretamente empregados no mercado após os nove meses de formação.

Paralelamente, o centro visa reforçar as capacidade pessoais e coletivas de seus beneficiárias através através seu programa de “vida em comum”. Muitos ateliês participativos são organizados regularmente tratando de temas como a resolução de conflitos, a diversidade étnica, religiosa ou cultural, os direitos do homem, o respeito do pluralismo, etc.

Mesmo se os indicadores de medidas de impacto são complicados de definir em razão da situação conflitiva no local, o programa mostrou seus impactos positivos no longo prazo. Segundo o relatório de avaliação do programa efetuado em 2016 por um consultante externo da ONG parceira do projeto, ASASE: “as observações feitas em campo permitem de afirmar que o programa de formação profissional tem um impacto muito grande na população jovem, pouco formada e proveniente de locais vulneráveis que se beneficia de cursos, bem como em suas famílias próximas que aproveitam indiretamente das rendas ligadas aos empregos obtidos. E ainda, um outro impacto positivo de longo prazo é diretamente ligado ao fato que os jovens formados têm uma perspectiva de futuro que não seja o recurso à violência ou à guerra”.

Betram, um sudanês do sul ao serviço de seu país

Betram Gordon Kuon é sudanês do sul e membro da SSVP em Juba há quase dez anos. Ele é atualmente coordenador da região África 2 (Eritréia, Etiópia, Sudão, Sudão do Sul, Botswana, Namíbia, Lesoto, África do Sul, Suazilândia, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé & Príncipe). Paralelamente a seu papel de coordenador internacional Betram Gordon é responsável pelo programa de formação desde a sua criação e realiza este trabalho por pura vocação, ao serviço de seus próximos, sem medir esforços. Ele nos fornece uma mensagem de esperança através de seus votos para o ano de 2017 :

“No Sudão do Sul nestes últimos anos, os grandes títulos da imprensa só foram os conflitos políticos associados aos homicídios, aos desalojamentos de populações, aos atentados aos direitos do homem, à corrupção, à inflação galopante, à insegurança alimentar e à fome que afeta mais de metade da população. Mesmo com este quadro sombrio, se vocês olham para o trabalho da SSVP, vocês verão crianças que recebem alimento, adultos desfavorecidos se beneficiando de cuidados médicos gratuitos, tudo isto mostrando que os esforços fornecidos permitem ter uma população em melhor estado de saúde, uma sociedade mais autônoma e auto-suficiente, mais resistente e mais produtiva. Tudo isto acontece porque  pessoas sérias e generosas de coração, como como vocês e como eu, arregaçam as mangas para fazer chamadas internacionais, lançar coletas de fundo e programas de desenvolvimento que melhoram as condições de vida dos mais desfavorecidos. Para este ano novo, lembrem que vocês têm todas as razões de estarem de pé e orgulhosos do trabalho importante que vocês realizaram dando esperança e salvando muitas vidas perdidas. Um bom e santo ano de 2017”.

*Centro de formação profissional e de desenvolvimento comunitário