Pe. Motto C.M., Novo Assessor Espiritual do CGI

O Conselho Geral Internacional da SSVP tem um novo Assessor Espiritual, o Pe. Andrés Román María Motto C.M., que toma posse deste cargo de serviço sucedendo ao Pe. Robert Maloney.
A fim de que conheçam um pouco melhor não só o sacerdote, mas também a pessoa que já está levando a cabo o assessoramento espiritual do Conselho Geral Internacional, realizamos uma breve entrevista que revela alguns detalhes do pensamento e da forma de vida do Pe. Motto, um consagrado que tem uma longa trajetória no serviço com laicos de profundo amor e dedicação à formação e à educação e que sempre tem presente aos mais vulneráveis.
Pe. Motto, de onde o senhor vem?
Nasci em Luján, uma cidade muito mariana. Por tanto, meu país é a Argentina, minha querida pátria.
Além de ser o atual Assessor Espiritual SSVP, quais outros projetos ou responsabilidades o senhor leva a cabo?
Boa parte de minha vida vicentina foi dedicada à docência. Fiz um doutorado em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Católica Argentina e me licenciei em Filosofia pela Universidad del Salvador, também na Argentina.
Fui docente e diretor em vários centros universitários: na Universidade Católica Argentina, na Universidade Nacional de Lanús, na Universidade Católica de Salta Subsede Gendarmería Nacional, no Instituto Universitário da Policia Federal, no Instituto Teológico Franciscano “Fray Luis Bolaños”, nas faculdades de Teologia e Filosofia Jesuítas do Máximo, na Escola Nacional de Museologia e no Instituto Superior Marista de Buenos Aires.
Junto à tarefa docente curricular, proferi uma série de conferências, seminários e cursos em vários países da América Latina. Isto também me ajudou a abrir minha mente, assim como ter estudado 2 anos em Madrid, Espanha. Além das aulas, gostei de pesquisar em grupo. Lembro-me de alguns: 1) “Santa Maria” que realizava estudos sobre a Ética Social na Universidade Católica Argentina. 2) “Ameríndia”. Onde realizávamos pesquisas sobre a promoção de setores relegados: nativos, negros, mulheres e populações marginalizadas do campo e da cidade. 3) O Comitê de Bioética da PROCREARTE. Também presidi por 10 anos o Departamento de teólogos da Conferência Argentina de religiosas e religiosos.
Já publicou livros?
Publiquei alguns livros, outra de minhas paixões: A Questão Social e o Ensino da Igreja. Uma contribuição à esperança; Crer em Deus: Invenção, costume ou convicção?; A Moral de Virtudes em São Vicente de Paulo; O diálogo da Verdade. O debate Fé e Razão na antiguidade tardia; O cristianismo e seu vínculo com a paz, os direitos humanos e a ecologia; e Vida de filósofos e filosofia no Renascimento. Mas a vocação docente sempre acompanhei com a ação pastoral como vigário em santuários, em capelas pobres, como capelão da prisão e fazendo algumas missões em áreas pobres do norte argentino. E há dois anos estou vivendo na Casa Madre Lazarista de Paris como Diretor do Centro Internacional de Estudos Vicentinos (CIF).
O que o senhor sentiu ao ser designado Assessor Internacional SSVP?
Na verdade… um pouco de susto. Mas também alegria, já que eu gosto de trabalhar lado a lado com vocês a favor dos desfavorecidos. Além disso, sinto uma grande responsabilidade e peço suas orações para fazê-lo bem.
Quais planos ou ações o senhor gostaria de implementar neste cargo de serviço?
Para não tatear no escuro venho primeiro a escutar e aprender bem o sistema do Conselho Geral de conviver e atuar. Conheço a atual gestão e vejo seus esforços para melhorar a SSVP. Gosto de escutar as sugestões que o Pe. Tomaz Mavric e Renato Lima de Oliveira me fazem para trabalhar coordenadamente. Por outro lado, creio fervorosamente no método proposto pelo Papa Francisco de grupos que governam “sinodalmente”, onde as propostas se tornam soluções. Sei que isto não é fácil, mas devemos ir por este caminho evangélico. Finalmente, me especializei vicentino, por isso iluminarei a partir daí, já que a formação é essencial para um serviço de qualidade.
O que o carisma vicentino oferece principalmente ao mundo de hoje?
Às vezes estas preguntas em aparência simples são complexas de responder. Vejamos, os primeiros seguidores de Vicente de Paulo. Eles o amavam como a um irmão mais velho e pai que era para eles. Era realmente um líder positivo. As raízes de lealdade e dedicação daquelas pessoas que São Vicente reuniu eram profundas. Porque ele era um homem apaixonado por Deus e pelos pobres. Com sua ajuda, seus primeiros seguidores: sacerdotes, irmãos, irmãs e laicos, chegaram eles mesmos a ser servidores dos excluídos. Sob sua tutela, foram crescendo em sua consciência da presença de Deus e aprenderam a confiar na Providência. Aquelas pessoas assumiram sua preocupação pelos pobres e se estimulavam uns aos outros para atendê-los.
A nós… onde a SSVP se encontra presente, nos corresponde seguir encarnando nas diversas culturas e situações o carisma vicentino. Além disso, aceitando que nosso carisma é conflitivo, defender o pobre nos põe em um papel necessariamente crítico… e um crítico social é incômodo.
De qual qualidade da SSVP o senhor gosta mais?
A fraternidade, seu espírito de fé e seu enorme e variado serviço ao pobre.
Como definiria a Federico Ozanam?
Lembro-me que em meu seminário vicentino em San Miguel, na Argentina, nunca se falava dos laicos vicentinos e ainda menos se trabalhava com eles. Mas lendo São Vicente, via que seus primeiros seguidores tinham sido os laicos. É por isso que sempre trabalhei a favor da Grande Família Vicentina, deixando de lado o conceito, para mim injusto, da dupla família vicentina. Nessa busca me encontrei com este monumento da Caridade Social e da Justiça, que é o Beato Federico Ozanam. Um homem que uniu pensamento e ação. Arrisco-me a dizer que a teologia vicentina está evoluindo. Não devemos ser meros repetidores, mas continuadores. Com isso quero dizer, que Federico Ozanam faz evoluir a teologia vicentina. Assume um matiz mais diretamente profético e crítico social, que até esse momento padecia o pensamento vicentino. Tudo isso, claro está, com uma série de matizes.
Qual frase de São Vicente de Paulo o senhor leva sempre consigo?
Gosto de recordar quando São Vicente diz que o espírito de Cristo: “É um espírito de perfeita caridade” (E. S. XI, 411). Isto quer dizer que nós, revestidos de Cristo pelo batismo, devemos dar frutos de vida nova. Que para nós vicentinos é a caridade social e a justiça radical.